Brasil e Alemanha conseguem primeira vitória na ONU contra espionagem
Se aprovada pela Assembleia Geral, ao que tudo indica, a resolução não terá poder coercitivo, mas terá um impacto simbólico, que pode constranger os Estados Unidos.
O embaixador brasileiro na ONU, o ex-ministro Antonio Patriota, disse que a resolução “estabelece pela primeira vez que a proteção aos direitos humanos deve ser prioridade independentemente da plataforma, e assim, devem ser protegidos tanto online quanto fora da internet”.
Espionagem
Dilma foi a primeira chefe de Estado a protestar contra os Estados Unidos assim que uma reportagem detalhou a interceptação de suas comunicações via e-mail. Os dados foram vazados pelo ex-colaborador da NSA, Edward Snowden, ao jornalista americano Glenn Greenwald.O Brasil chamou o embaixador americano para consultas, antes de Dilma suspender sua viagem aos Estados Unidos, onde seria recebida com honras de Estado em outubro. A crise se aprofundou com revelações de bisbilhotagem no celular da alemã Angela Merkel, que chegou a telefonar diretamente a Obama pedindo explicações.
Segundo uma reportagem do jornal britânico The Guardian, 35 chefes de Estado e governo teriam sido espionados pelos americanos. Os dados vazados por Snowden mostraram ainda que milhões de franceses teriam sido bisbilhotados pela NSA.
A rede de espionagem americana teria colaboração dos serviços de inteligência da Grã-Bretanha, da Austrália, do Canadá e da Nova Zelândia.
Resolução
A aprovação por consenso no Terceiro Comitê, que trata de questões de direitos humanos, indica que o texto deve ser aprovado com folga pelos 193 países membros da ONU assim que a proposta for encaminhada ao plenário da Assembleia Geral.País mais atingido pela iniciativa, os Estados Unidos optaram por não se opor ao projeto de resolução depois que seus diplomatas, com o apoio de britânicos, australianos, canadenses e neozelandeses, conseguiram amenizar os pontos mais fortes do texto.
O texto inicial mencionava que a espionagem doméstica e internacional podem “constituir violação dos direitos humanos”.
O texto aprovado pelo comitê fala da proteção e da promoção da privacidade “no contexto da vigilância doméstica e extraterritorial… inclusive em larga escala”.
A representante americana no comitê da Assembleia Geral chegou a apoiar a iniciativa de Brasil e Alemanha.
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