Alana Gandra
Repórter da Agência
Brasil
Rio de Janeiro - A 19ª Conferência das Partes da
Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(COP-19), que começa no próximo dia 11, em Varsóvia, na Polônia, vai discutir a
necessidade de criação de um novo ordenamento financeiro internacional que seja
favorável ao estabelecimento de economias de baixo carbono.
A recomendação será levada pelo presidente da
Subcomissão Especial para a COP-19 da Câmara dos Deputados, deputado Alfredo
Sirkis (PSB-RJ). O tema integrou a pauta de debates da 2ª Rio Climate Challenge:
Rio Clima, promovida pelo Instituto OndAzul nos dias 28 e 29 de outubro.
Em entrevista à Agência Brasil, Alfredo
Sirkis lembrou que a atual ordem financeira internacional foi estabelecida após
a 2ª Guerra Mundial, em que as moedas eram lastreadas, inicialmente, pelo padrão
ouro. Com a retirada dos Estados Unidos do padrão ouro, esse lastro foi perdido,
disse, acrescentando que a recente crise financeira, que eclodiu no mercado
norte-americano em 2008, contribuiu para desorganizar o sistema financeiro
internacional.
“Então, por diversas razões, seria importante um
novo ordenamento financeiro internacional, e esse teria que levar em
consideração o principal problema ambiental da humanidade nesse momento, que são
as mudanças climáticas”, sugere Sirkis.
Uma das muitas ideias em circulação no mundo seria
tornar a redução das emissões de carbono em lastro das moedas. “Outra ideia é
criar uma espécie de Unidade Real de Valor (URV), que seja uma referência para a
redução de emissões, e possa permitir uma equivalência entre diferentes ações de
diminuição de emissões”.
O presidente da Subcomissão Especial para a COP-19
destacou que o Brasil tem reduzido suas emissões no agregado, ou seja, não
apenas em termos da densidade de carbono, mas em números absolutos, “sem ter
obrigação legal internacional para fazê-lo”. Isso ocorrerá, possivelmente, a
partir de 2015, com o novo acordo climático, que deverá ser assinado na
Conferência do Clima, em Paris, na França, para execução a partir de 2020.
“Por antecipação, o Brasil já está promovendo
reduções de gases de efeito estufa (GEE) no agregado. Isso teria que ser
remunerado de alguma maneira. Países que começam na frente, que se antecipam ao
acordo de 2015 e ao prazo de 2020, teriam que ser remunerados de alguma forma”,
disse.
Sirkis defendeu que o ideal, nesse caso, seria que
a remuneração se desse por meio de uma unidade de valor conversível mais à
frente em produtos, tecnologias e serviços, que propiciassem uma redução
subsequente de emissões, “ao mesmo tempo que criam empregos e promovem o
desenvolvimento limpo do país”.
De acordo com o deputado, países como o Canadá, a
Austrália e o Japão, que não têm condições de reduzir de imediato suas emissões
em termos absolutos, no agregado, mas que têm tecnologias, poderiam
transferi-las para outras nações e, assim, lograr seu intuito. “Se você tem uma
unidade de valor que represente a redução de carbono e essa unidade de valor
seja conversível a partir de 2020, isso também facilita a criação de uma
economia de baixo carbono no âmbito internacional”, disse.
Sirkis defende que não basta os países definirem
metas de redução, “se você não tem um pano de fundo econômico favorável à
implantação de uma economia de baixo carbono. Temos que, de alguma forma, mexer
para que a economia seja uma aliada no esforço de redução deGEE e não algo que
esteja jogando no sentido contrário”.
Outra recomendação que será levada pela
subcomissão da Câmara à COP-19, segundo Sirkis, é que se deve mexer no sistema
de tributação de vários países e na questão de subsídios para combustíveis
fósseis, entre os quais petróleo e carvão.
Edição: Fernando Fraga
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