sábado, 16 de março de 2013

PNUD anuncia 'reequilíbrio mundial' com desenvolvimento sem precedentes do Sul

AFP

O desenvolvimento do Hemisfério Sul conseguiu uma redução em massa da pobreza e a criação de uma nova classe média, mas este "reequilíbrio mundial" poderá ser ameaçado pela persistente desigualdade, revela um relatório do PNUD apresentado nesta quinta-feira no México.
"A ascensão do Sul não tem precedentes em velocidade e escala", ressalta o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O organismo destaca que os avanços alcançados nas últimas décadas são "maiores do que se havia previsto" e não abrangem unicamente os emergentes BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), e sim mais de 40 países da América Latina, África e Ásia.
"Centenas de milhares de pessoas do mundo melhoraram sua qualidade de vida", disse Helen Clark, administradora do PNUD, durante a apresentação do relatório intitulado 'A ascensão do Sul: progresso humano em um mundo diverso', na residência oficial de Los Pinos, na Cidade do México, que contou com a presença do presidente Enrique Peña Nieto.
Os países com melhores resultados "entenderam que devem investir em sua gente", acrescentou Clark.
A Noruega lidera a classificação, seguida de Austrália, Estados Unidos e Holanda, de acordo com o relatório do PNUD 2013.
O Brasil se manteve na 85ª posição.
Na 40ª posição do ranking e primeira da América Latina está o Chile, a Argentina ficou na 45ª e o Uruguai, na 51ª. Já na 59ª estão Cuba e Panamá, o México ficou na 61ª e Costa Rica, na 62ª colocação.
O PNUD ressalta que a proporção mundial de pobreza extrema "despencou" de 43% em 1990 a 22% em 2008 e, na atualidade, já conseguiu reduzir à metade o número de pessoas que vivem com menos de 1,25 dólar por dia, a principal meta em redução de pobreza dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
"No entanto, a pobreza extrema é ainda um problema sério em grande parte do mundo em desenvolvimento", com mais de 1,5 bilhão de pessoas em condição de pobreza, esclarece o relatório.
Enquanto muitos países do norte se encontram mergulhados em crises econômicas e políticas de austeridade, uma nova classe média surge nos países em desenvolvimento, garante o estudo que mede o Índice de Desenvolvimento Humano analisando a longevidade, educação e renda de 187 países e territórios.
"O número de pessoas de classe média está explodindo. Para 2030 haverá 1,8 bilhão de pessoas nesta situação", explicou por sua vez Khalid Malik, diretor do estudo.
Em 2020, prevê o informe, a produção combinada das três economias líderes do Sul (Brasil, China e Índia) superará a produção total dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá.
Neste momento a migração entre países em desenvolvimento já superou a migração líquida do Sul em direção ao Norte.
"O mundo está presenciando um 'reequilíbrio mundial' que será um marco histórico", anuncia o estudo.
"A ascensão do Sul reverte a enorme mudança que viu a Europa e a América do Norte ofuscar o resto do mundo, começando pela Revolução Industrial, passando pela era colonial e desembocando nas duas Guerras Mundiais do século XX", ressalta o informe.
O PNUD explica que estas conquistas podem ser atribuídas, em grande medida, "ao investimento sustentado em programas sociais, de educação e atenção à saúde", e reconhece na América Latina as iniciativas "inovadoras" nesta matéria no Brasil e no México.
"Há muito o que aprender do fortalecimento das economias de países desenvolvidos que foi aproveitado para melhorar a qualidade de vida" de seus povos, indicou a administradora do PNUD.
O PNUD ressalta que o desenvolvimento humano na América Latina, África e Ásia será colocado à prova pelos desafios de curto e longo prazo, e adverte sobre algumas políticas econômicas que estão sendo aplicadas em países desenvolvidos.
"As medidas de austeridade com pouca visão de futuro, a abordagem inadequada das desigualdades persistentes e a falta de oportunidades para uma participação cívica importante poderão ameaçar este progresso", avisa o programa da ONU.
A longo prazo também são avistadas dificuldades compartilhadas com os países industrializados como a desigualdade social, o envelhecimento da população e os desequilíbrios entre a preparação educativa e as oportunidades de emprego. Mas os países mais pobres também são os mais ameaçados pela mudança climática.
A falta de ação no campo do meio ambiente "tem o potencial de deter e inclusive reverter o progresso do desenvolvimento humano nos países e comunidades mais pobres do mundo", avisa o PNUD.
A entidade calcula que, sem uma ação mundial coordenada, o número de pessoas na pobreza extrema poderá disparar até os 3 bilhões em 2050.
O PNUD também argumenta que este novo balanço de forças econômicas no mundo requer uma maior participação nas instituições internacionais.
Assim, o PNUD propõe uma "Comissão do Sul" para que países em desenvolvimento promovam novos enfoques de governança mundial.

yo/gbv/fo/lr

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