Brasil vive 'sonho de democracia' com protestos, diz 'El País'
"O governo está perplexo", diz o texto, assinado pelo correspondente Juan Arias. "Ninguém esperava que esta multidão, formada por pessoas de todas as idades e de todos os grupos sociais saíssem às ruas de repente para dizer: "Queremos mudar o Brasil".
Angústia
O artigo diz que, para muitos brasileiros, a demonstração popular de segunda-feira foi "um sonho de democracia, um despertar de anos de silêncio para expressar que não estão satisfeitos com a qualidade de vida que o governo lhes oferece, com a corrupção e com o uso indevido do dinheiro público, começando pelos milhares gastos na preparação da Copa do Mundo."O texto pondera que o sonho que o Brasil viveu "atônito" na noite de segunda-feira ameaçou acabar em pesadelo após cenas de violência por parte de alguns grupos que tentaram destruir a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e invadir o Congresso, em Brasília.
O El País diz que os brasileiros que continuarão protestando nos próximos dias não lutam contra uma ditadura, nem contra o governo.
"Eles querem mais. A grande incógnita é como vão consegui-lo, quem cristalizará este protesto sem líderes", afirma o texto.
"Se existe uma angústia difusa nas ruas, essa angústia se traduziu em um alerta que chegou ao Palácio Presidencial, onde se senta a presidente Dilma Rousseff, antiga guerrilheira e lutadora contra a ditadura militar quando tinha a idade dos que esta noite tentaram ocupar o Congresso", afirma o texto.
'FT'
Artigo publicado no diário financeiro britânico Financial Times diz que quando o ex-presidente Lula conseguiu levar a Copa de 2014 para o Brasil, "achou que tinha marcado um gol que comemoraria a ascensão do país como uma potência emergente"."Agora ele deve estar vendo com surpresa a reação do movimento contra o aumento das passagens de ônibus, que gostaria de dar-lhe um cartão amarelo por causa da Copa".
O texto segue dizendo que os manifestantes estão cansados "de uma classe política que consideram ser corrupta e moralmente falida', e estenderam seus alvos para incluir a Copa do Mundo e seu principal teste, a Copa das Confederações.
"Os manifestantes veem estes eventos como uma chance para políticos roubarem grandes somas de dinheiro dos orçamentos generosos alocados para reformar e construir estádios para os jogos".
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