Partido sugere que filho de Kim Jong-il já assumiu poder (Postado por Lucas Pinheiro)
Tirado da obscuridade em setembro de 2010, quando seu pai o apresentou como futuro sucessor, Jong-un teve pouco tempo para se preparar para o cargo, o que levantou especulações de que o governo norte-coreano poderia optar por uma espécie de líder regente. Também havia especulações de que ele enfrentaria oposição dentro do Exército, já que não teve tempo para consolidar sua experiência militar.
No ano passado, ele foi transformado por Jong-il em general de quatro estrelas e vice-chefe da Comissão Militar Central do Partido dos Trabalhadores, o que irritou alguns oficiais devido à sua inexperiência. Há quem diga que os ataques da Coreia do Norte à Coreia do Sul, também em 2010, foram planejados por Jong-un, como uma espécie de batismo no Exército.
Autoridades dos EUA e da Coreia do Sul expressaram preocupação com uma possível disputa de poder interna. O principal temor seria um novo confronto com a vizinha do Sul durante a transição. Em 1994, quando o pai de Kim Jong-il morreu, a Coreia do Sul colocou seu Exército em alerta, elevando a tensão regional. Os EUA já estariam trabalhando com cenários de guerra para o futuro próximo.
- Estamos entrando em um período especialmente perigoso - afirmou ao "New York Times" Jim Walsh, professor do MIT que se reuniu recentemente com autoridades norte-coreanas. - Aqui está um líder jovem, que pode ser alvo da desconfiança de militares, e precisa dar provas. (...) Isso pode levar a cálculos errados e uma guerra acidental.
O Partido dos Trabalhadores disse em comunicado que, "sob a liderança do nosso camarada Kim Jong-un, nós devemos transformar a tristeza em força e coragem, e superar as dificuldades de hoje".
O nome de Jong-un também apareceu no topo de uma lista de 232 autoridades do Exército e do partido que formaram um comitê nacional para o funeral do ditador, que será no dia 28. Segundo analistas sul-coreanos, a posição do filho na lista é mais um indício de que ele já está no comando do país.
Soldados e civis já mostram lealdade a Jong-un
Na Coreia do Norte, em meio à comoção generalizada pela morte de Jong-il, soldados e civis já mostram lealdade a Kim Jong-un, segundo a agência de notícias oficial KCNA. Pouco se sabe sobre o jovem, que teria cerca de 28 anos, nunca teria participado de qualquer encontro com líderes internacionais, e ainda não teve tempo de cultivar por ele o mesmo temor ou admiração que o país teve por seu pai e seu avô.
Kim Jong-un seria um apaixonado por basquete e filmes de Jean-Claude Van Damme, que fala inglês e francês fluentes, mas que mesmo assim "tenta evitar as influências ocidentais". Com essas contradições, sobe ao trono da única ditadura comunista dinástica do mundo, com o desafio de manter a estabilidade do país, uma minipotência nuclear com uma economia atrasada, e que enfrentou uma crise de fome na década passada.
O futuro líder é pouco conhecido fora desse país isolado. Quando seu pai o alçou a sucessor, Jong-un foi então denominado "Brilhante Camarada" e subiu à elite do Exército mais numeroso do mundo, com 1,1 milhão de soldados na ativa e outros 4,7 milhões de reservistas. Um ano depois, ele permanece misterioso.
Especialistas acreditam que tenham nascido entre o final de 1983 e o início de 1984, mas, por parecer muito jovem, o governo parece ter optado por determinar seu nascimento em 1982, sem mencionar dia ou mês. Especialistas dizem que Jong-un é inteligente e tem liderança, características que o qualificam como sucessor do pai. Ele também tem fama de ter um comportamento implacável, o que analistas dizem que será preciso para governar a Coreia do Norte.
Dessa forma, Jong-un passou à frente do primogênito, Jong-nam, de 39 anos. Filho do primeiro casamento, Jong-nam caiu em desgraça em 2001, ao ser detido no aeroporto de Tóquio, quando tentava entrar no Japão com um passaporte falso. Segundo ele, sua intenção era visitar a Disney japonesa. No ano passado, em entrevista, Jong-nam se declarou contrário "à sucessão dinástica na terceira geração".
— Meu pai decidiu (que Jong-un será seu sucessor). Não lamento. Não estou interessado nisso, não me importa — declarou à TV japonesa Asahi. — Quero que meu irmão faça o melhor possível.
De ‘Brilhante Camarada’ a ‘Grande Sucessor’
Já o segundo filho de Kim Jong-il, que se chama Jong-chol, nunca representou uma ameaça à liderança do irmão. Filhos da mesma mãe, Jong-chol estudou com o irmão na Suíça até 1998 sob identidade falsa, mas não tinha a simpatia do pai, que o considerada "brando e delicado".
Ao ficar doente, em 2008, Kim Jong-il decidiu deixar seu candidato a sucessor protegido por um estreito círculo de confiança, que inclui a tia, a general Kim Kyong-hui; o marido dela, Jang Song-taek, vice-presidente da Comissão Militar Central; e Ri Yong-ho, vice-marechal e chefe do Estado-Maior do Exército. Ri representa a nova geração de militares.
Agora, o "Brilhante Camarada" está sendo chamado de o "Grande Sucessor" e líder. O avô e fundador do regime, Kim Il-sung, o "Presidente Eterno", era reverenciado como um deus. O pai tinha um status de semideus na sociedade norte-coreana. A meses do centenário do nascimento do avô, caberá a Jong-un manter o último bastião do comunismo de linha-dura e evitar que sua atrasada economia entre em colapso.
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