Em reunião no Equador, Unasul inaugura sede e adota cidadania sul-americana
Presidentes e representantes de 11 países sul-americanos viajaram ao Equador para participar da 8ª Cúpula Extraordinária da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). Os dirigentes participaram, nesta sexta-feira (05/12), da inauguração da primeira sede do organismo, em Guayaquil, a 420 km de Quito. A Cúpula Extraordinária, que teve início na quarta-feira (03/12) e se encerra hoje, deu o primeiro passo para o estabelecimento da livre mobilidade na região, com a chamada "cidadania sul-americana".
"Nosso norte deve ser o Sul em todos os sentidos”, defendeu o presidente equatoriano, Rafael Correa, que, durante a inauguração da nova sede, destacou a importância que a integração sul-americana tem em termos econômicos, sociais e políticos e defendeu um centro de arbitragem sul-americano, a consolidação do Banco do Sul e a criação de um sistema próprio de pagamentos como forma de fortalecer esta união.
Agência Andes Edifício Néstor Kirchner tem 1.500 metros quadrados e empregou mais de 700 pessoas durante a construção
Durante o ato político-cultural que integrou a cerimônia, o secretário-geral da entidade, Ernesto Samper, ressaltou que “assim como agora temos uma casa grande, precisamos também de ideias grandes para esse conceito de identidade sul-americana”.
O novo edifício, chamado Néstor Kirchner, em homenagem ao ex-presidente argentino, primeiro secretário-geral da entidade e um dos impulsionadores da integração sul-americana, custou aproximadamente US$ 41 milhões, aportados do fundo dos países integrantes do bloco, e demorou dois anos para ser construído. A presidente argentina, Cristina Kirchner, agradeceu a homenagem ao falecido esposo e "aos milhares de companheiros do sul que lutaram para que a democracia não seja somente o voto a cada quatro ou cinco anos, e sim igualdade. Porque a democracia não é ir às urnas. Democracia é igualdade e equidade”.
Apontado por muitos como o fato político mais importante na América Latina atualmente, os diálogos de paz realizados entre o governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), com o objetivo de acabar com o conflito armado que dura mais de 65 anos, estiveram presentes nas discussões. Neste sentido, Samper fez um apelo direto ao mandatário colombiano, Juan Manuel Santos: “a geração à qual nós pertencemos não conhece um dia sequer de paz” e ressaltou o esforço realizado em Cuba para que a paz não seja para os vitimários, mas também para as vítimas. E mencionou o escritor Gabriel García Márquez ao dizer que “’ninguém é de nenhuma parte até que tenha mortos embaixo da terra’ e nós temos demasiados mortos. Por favor consiga esta paz não só para os colombianos, mas para todos os sul-americanos”.
Economista, Correa defendeu a integração sul-americana no marco de uma nova arquitetura financeira regional. Ele também advogou pelo fortalecimento do Banco do Sul e ressaltou a importância de um sistema de intercâmbio compensado que permita diminuir o uso do dólar para um dia, talvez, chegar a “ter uma moeda comum”. Além disso, apontou que a criação de um centro de arbitragem sul-americano deve ser uma alternativa aos tribunais internacionais.
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Sul-americanos
Para Samper, o passaporte sul-americano (similar ao Schengen na União Europeia) será o maior registro do que ocorreu na reunião no Equador. Em um prazo ainda não fixado, os sul-americanos poderão estudar, trabalhar e homologar títulos profissionais na região.
O documento será similar ao acordo que já existe entre os membros do Mercosul (Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela), que contam com um visto de residência e de trabalho e cujos cidadãos podem viajar livremente apenas com a apresentação de um documento nacional.
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Lula sugeriu a criação de tribunais internacionais regionais que resolvam questões do subcontinente: "Não faz sentido que, em pleno século 21, um conflito entre dois países da América do Sul seja dirimido em um tribunal de Haia e que tenha que recorrer à OEA", afirmou.
"A integração não é um problema e sim parte da solução”, frisou Lula. Ele acrescentou que quanto mais os países se integram "melhores serão as condições para se enfrentar e superar as crises". Por isso, reivindicou, parlamentos "devem criar mecanismos especiais mais ágeis" para concretizar os acordos internacionais.
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