terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Obama desafia Congresso de maioria republicana com a sua taxa Robin dos Bosques


Presidente dos Estados Unidos já explicou a maioria das propostas que vai apresentar no discurso sobre o Estado da União. A ideia é taxar os mais ricos para aliviar a classe média.
Barack Obama enfrenta uma maioria do Partido Republicano nos últimos dois anos de mandato SAUL LOEB/AFP


O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai vestir o fato de Robin dos Bosques esta terça-feira à noite, para se dirigir ao país no seu primeiro discurso do Estado da União perante um Congresso dominado pelo Partido Republicano.
A dois anos de se despedir da Casa Branca, Obama vai propor ao Senado e à Câmara dos Representantes que apoiem a classe média e os mais jovens através de um aumento de impostos aos mais ricos – uma promessa que o Presidente sabe que não deverá poder cumprir, mas que serve para vincar as diferenças entre democratas e republicanos perante os eleitores, com a campanha para as presidenciais de 2016 no horizonte.
Em rigor, o discurso anual dos Presidentes dos Estados Unidos não é um conjunto de promessas, mas antes uma apresentação de um programa de intenções do governo, com apelos ao Congresso para que aprove leis nesse sentido.
Este ano, pela primeira vez desde que chegou à Casa Branca, em Janeiro de 2008, Barack Obama terá à sua frente um Congresso em que o Partido Republicano tem maioria nas duas câmaras (o Senado e a Câmara dos Representantes), pelo que muitos dos seus apelos deverão ter o mesmo destino que outros tiveram quando o seu Partido Democrata tinha maioria em pelo menos uma das câmaras: a prateleira das eternas discussões e trocas de acusações.
Uma das reacções mais brandas do lado do Partido Republicano veio de Brendan Buck, porta-voz da comissão da Câmara dos Representantes responsável pelas alterações ao sistema fiscal norte-americano: "Esta proposta não é séria."
"Ajudamos as famílias e fazemos crescer a economia com um sistema tributário mais favorável e mais simples, e não através de enormes aumentos de impostos para custear mais gastos por parte de Washington", disse o porta-voz da comissão liderada pelo republicano Paul Ryan.
Se o Congresso aprovasse a proposta de Barack Obama, a taxa de impostos aplicada a nível federal aos ganhos com a compra de acções passaria de 23,8% para 28% – um aumento significativo, mas também um regresso ao valor que era aplicado quando o Presidente Ronald Reagan saiu da Casa Branca, em 1989.
Mas o principal objectivo do plano da Casa Branca é tapar um buraco na lei que é aproveitado pelos donos das maiores fortunas do país para pagar menos impostos e, assim, manter o maior bolo possível das mais-valias nos bolsos da família.
Actualmente, se alguém comprar acções no valor de um milhão de dólares e se essas acções valerem dez milhões no momento da venda, os cofres dos Estados Unidos receberiam o imposto correspondente ao ganho de nove milhões de dólares, mas tudo muda se essas acções não forem vendidas e passarem para os filhos aquando da morte dos pais – neste caso, quando os herdeiros quiserem vender as acções, só terão de pagar impostos sobre o que realizarem acima dos dez milhões de euros.
De acordo com os números do Congressional Budget Office, um organismo independente que ajuda o Congresso a analisar programas pagos com dinheiro do governo federal, este buraco na lei custou aos cofres do Estado cerca de 50 mil milhões de dólares (43 mil milhões de euros) em 2013 – o objectivo, segundo a Casa Branca, é arrecadar mais aos mais ricos, através da introdução de escalões para proteger investimentos menos avultados.
É por esta razão que os media norte-americanos não têm poupado comparações entre Barack Obama e a figura de Robin dos Bosques, quando não estão ocupados a sublinhar o "momento Piketty" do Presidente norte-americano, numa referência ao economista francês e autor do best-seller "O Capital no Século XXI".
A base do discurso do Estado da União será a economia norte-americana, com a tónica na recuperação dos rendimentos da classe média, mas os temas são muitos e variados – da ciber-segurança ao alargamento do acesso à Internet; do reforço da licença de paternidade à criação de novos programas estatais que incluam baixas médicas; do acesso grátis a dois anos de curso nas universidades locais (os chamados "community colleges", que oferecem cursos técnicos ou programas de aperfeiçoamento profissional) às operações militares contra os jihadistas do Estado Islâmico.
Ser ouvido
O discurso é habitualmente aguardado com alguma expectativa, mas o zapping dos espectadores norte-americanos não tem perdoado os presidentes e o Congresso nos últimos anos. Estima-se que o discurso seja visto por cerca de 30 milhões de espectadores – menos de metade dos 67 milhões que acompanharam Bill Clinton em 1993 e muito menos do que os 52 milhões que viram e ouviram o primeiro discurso de Barack Obama, em 2009.




segunda-feira, 19 de janeiro de 2015


Em 2016, grupo com 1% dos mais ricos do mundo vai superar os 99% mais pobres

Estudo divulgado por ONG britânica de combate à pobreza pretende impactar o Fórum de Davos com a necessidade de reverter quadro mundial a cada ano mais favorável à concentração de riqueza
por Redação RBA publicado 19/01/2015 16:21
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Arquivo Oxfam
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Winnie: luta para reescrever as regras fiscais internacionais e alterar o processo radical de concentração de riqueza
São Paulo – A concentração de riqueza no mundo poderá se radicalizar ainda mais se governos, sociedades e os organismos financeiros multilaterais não adotarem ou reforçarem suas políticas de distribuição de renda. Um relatório divulgado pela Oxfam International, organização não-governamental britânica voltada ao combate à pobreza no mundo, aponta que em 2016 o grupo com 1% das pessoas mais ricas do planeta vai superar as posses dos 99% mais pobres.
Em 2014, enquanto o grupo de 1% mantinha 48% de toda a riqueza, os 99% mais pobres detinham 52%. Desde 2010, no entanto, esses números seguem tendências inversas, que favorecem a concentração. O estudo, feito com base em dados do Credit Suisse, prevê que em 2016 o mais ricos vão superar a barreira dos 50% da riqueza total do mundo.
Por conta desses dados, a Oxfam, cuja diretora-geral, Winnie Byanyima, copresidirá o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), exigiu "a realização, este ano, de uma cúpula mundial para reescrever as regras fiscais internacionais". O fórum será realizado de quarta-feira (21) a sábado (24), e reunirá líderes mundiais. "A amplitude das desigualdades mundiais é vertiginosa", disse Winnie, para quem "o fosso entre as grandes fortunas e o resto da população aumenta rapidamente".
Um detalhe que o relatório observa é que no universo dos mais pobres o modelo de concentração também se reproduz. Dos 52% de riqueza do grupo, quase a totalidade está na mão dos 20% mais ricos, enquanto 80% da população conta com apenas 5,5% da riqueza para garantir a sua sobrevivência.
As tendências de concentração despontam onde quer que se olhem os números do estudo da Oxfam, cuja base temporal compreende o período de 2010 a 2020. O relatório cita que a lista da Forbes com as 80 pessoas mais ricas do planeta também segue ritmo de concentração. Em 2010, esse grupo detinha 1,3 bilhão de dólares, cifra que em 2014 subiu para 1,9 bilhão de dólares. Ou seja, em quatro anos, o grupo ficou 600 milhões de dólares mais rico, cifra nada desprezível.
Atualmente, essas 80 pessoas possuem a mesma riqueza de 50% da população mundial mais pobre, que compreende 3,5 milhões de pessoas. Considerando a referência de 50% da riqueza, vê-se também que o grupo de 80 pessoas tende a diminuir. Em 2010, um grupo de 388 pessoas detinha 50% da riqueza mundial, número que caiu para 80 no ano passado.
O relatório também lembra que em 2014 havia 1.645 milionários, segundo a Forbes, e que 30% desse grupo era formado por cidadãos norte-americanos. “Os milionários são um coletivo fundamentalmente composto por homens de idade madura: 85% superam os 50 anos e 90% são homens”, afirma o estudo.
Entre as razões da concentração de riqueza, o relatório destaca os setores econômicos que têm contribuído para esse estado que espelha a injustiça social. Segundo dados da Forbes de março do ano passado, 20% dessas pessoas estão vinculadas ao setor financeiro e de seguros, que constituem a origem de riqueza mais habitual.
Os setores de farmacêutico e de saúde também despontam em favor da concentração. Entre março de 2013 e março de 2014, 29 pessoas desses setores passaram a engrossar a lista dos milionários, de tal modo que 90 deles agora atuam nesses setores.

 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

França põe fim às duas crises de reféns; atiradores são mortos

Duas ações policiais conjuntas mataram três homens que faziam reféns em locais distintos da França. Dois deles, os irmãos Said Kouachi, 34, e Chérif Kouachi, 32, são suspeitos de participar do massacre ao jornal satírico “Charlie Hebdo”.

O terceiro suspeito morto, Amedy Coulibaly, 32, invadiu um mercado judaico em Porte de Vincennes, em Paris, e também fazia reféns no local. Segundo a Reuters, o sequestrador e mais quatro reféns foram mortos.

Segundo a agência AFP, Coulibaly seria ligado a um dos irmãos Kouachi. Coulibaly era suspeito do assassinato de uma policial municipal francesa nesta quinta-feira (8), em Montrouge.

Atualização Automática: Ligada| Desligada
  • 19h29   Aqui termina a transmissão ao vivo dos ataques terroristas em Paris. Obrigado pela audiência.
  • 19h34   Membro de braço da Al Qaeda no Iêmen afirma que a rede comandou o ataque ao jornal satírico "Charlie Hebdo" em Paris, nesta quarta-feira (7).
  • 19h16   Depois da operação que libertou 15 reféns em mercado kosher em Paris, o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu pediu que a França mantenha o alerta de segurança elevado para instituições judaicas "mesmo após o retorno à normalidade". François Hollande classificou como "antissemita" o ataque no mercado.
  • 17h53   Segundo o ministro do Interior da França, quatro policiais ficaram feridos durante a operação para libertar as pessoas mantidas como reféns no mercado em Paris.
  • 17h30   O presidente da França François Hollande confirmou, em pronunciamento oficial, a morte de quatro reféns em mercado em Paris. O homem que as mantinha reféns também morreu.
  • 17h29   Segundo uma autoridade israelense, 15 das pessoas mantidas reféns em mercado judaico em Paris foram libertadas.
  • 17h17   Obama diz em pronunciamento oficial que a França fez o necessário para salvar vidas. Em suporte aos franceses, disse: "a França é o nosso aliado mais antigo". "Nós apoiamos a esperança e a liberdade", completou o presidente americano.
  • 17h03   "Sairemos ainda mais fortes dessa situação", afirma o presidente da França François Hollande em pronunciamento oficial. O presidente afirmou que ainda há ameaças à segurança e à paz no país. Hollande pediu união e também que todos se mantenham vigilantes.
  • 16h44   Suposta namorada de homem que mantinha reféns em mercado em Paris continua foragida. Hayat Boumeddiene, 26, é suspeita de estar ligada ao ataque que matou uma policial na quinta-feira (8) na capital francesa. Ela teria escapado do mercado onde eram mantido reféns.
  • 16h20   Segundo a AFP, a situação em Montpellier se trata de um assalto a mão armada e não tem nenhuma ligação com os ataques que ocorreram em Paris.