segunda-feira, 21 de julho de 2014

Conferência da AIDS acontece sob a sombra da queda do avião da Malaysia Airlines

20/7/2014 11:53
Por Redação, com DW - de Melbourne, Austrália

Mais de cem pesquisadores e ativistas morreram na queda do avião da Malaysia Airlines, provavelmente abatido na Ucrânia
Mais de cem pesquisadores e ativistas morreram na queda do avião da Malaysia Airlines, provavelmente abatido na Ucrânia
Proeminentes especialistas em AIDS, cientistas e seus assistentes estavam a bordo do voo MH17 a caminho da 20ª Conferência Internacional sobre a AIDS que acontece em Melbourne, na Austrália. A notícia da queda do avião chocou a todos, principalmente os participantes do evento.
Apesar disso, a conferência foi mantida e, até 25 de julho, será debatido, tanto quanto possível, o lema: “Passos rumo a um mundo sem AIDS”. O evento começou neste domingo com um minuto de silêncio em memória das vítimas.
A bordo do voo MH17 estavam especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), do AIDS Fonds, da organização Stop AIDS Now, do Instituto de Saúde e Desenvolvimento Global de Amsterdã, além de pesquisadores holandeses, informou a Sociedade Internacional da AIDS (IAS, na sigla em inglês).
Segundo a IAS, o logotipo do evento, quatro pés estilizados por fitas, representa uma maior compreensão científica, médica e social e que pessoas de diferentes idades e sexos são afetadas pela AIDS, mas que todos vão pelo mesmo caminho.
Prevenção abrangente
Pessoas com HIV/AIDS não devem ser discriminadas ou estigmatizadas. Essa exigência é um ponto central da atual conferência. Cerca de 12 mil participantes irão discutir e trocar ideias sobre a situação e o desenvolvimento de pesquisas na área. Enquanto a doença ainda continua sem cura, a profilaxia ocupa cada vez mais o centro das atenções.
A conferência irá tratar de medicamentos que impedem a propagação do vírus no organismo. Na agenda do evento está a chamada profilaxia pré-exposição, afirmou o especialista Norbert Brockmeyer. Segundo ele, com essa medida, uma boa parte das infecções pode ser evitada.
- A forma como nós, seres humanos, podemos nos proteger do HIV ganhará mais importância. Isso inclui também o cuidado com as crianças. Como elas podem ser protegidas, especialmente nos países em desenvolvimento? Como podemos oferecer às mães melhores cuidados? Trata-se de questionamentos medicinais, mas também sociais, que serão discutidos e para os quais os cientistas têm de encontrar respostas  declarou Brockmeyer.
Sucessos e fracassos
Poucos dias antes do início da conferência, a ONU divulgou novos números sobre a doença. No ano passado, houve cerca de 2,1 milhões de novas infecções pelo vírus HIV. O número de pessoas que morreram de AIDS diminuiu mundialmente em 200 mil, caindo para 1,5 milhão.
Políticos e governos nacionais têm grande importância na discussão em torno do HIV e da AIDS. Principalmente, quando se trata das diretrizes sobre como lidar com os grupos de risco, que foram publicadas pela OMS, em meados de julho. Os principais pontos são a discriminação e o estigma de homossexuais, transexuais, prostitutas e viciados em drogas.
Em alguns países, tais pessoas são discriminadas até mesmo em nome da lei. Brockmeyer disse estar convencido de que, assim, o vírus tem uma chance muito maior de se propagar.
Declaração de Melbourne
“Ninguém deixado para trás” é o título da chamada Declaração de Melbourne, que já havia sido concebida antes do evento e deverá ser aprovada no final da conferência. Um fim à discriminação e ao estigma também é um requisito fundamental. Os autores exigem que todos os governos estabeleçam legalmente a igualdade de tratamento para os grupos de risco e que garantam a todos o mesmo direito de prevenção, terapia e esclarecimento.
- Quanto mais pessoas se informarem sobre o HIV/AIDS e quanto melhor forem as campanhas de esclarecimento, mais elas se protegem. E quanto maior a frequência da aplicação de medicamentos antirretrovirais, menos pessoas serão infectadas pelo vírus – opinou Brockmeyer.
Muitas organizações em todo o mundo se juntaram à Declaração de Melbourne, entre elas, o Fundo Global de Luta contra AIDS, Tuberculose e Malária, as organizações francesas Sidaction e Aides, como também a rede AIDS Action Europe.
Ainda deve demorar para que sejam desenvolvidos uma vacina ou um remédio eficaz para a cura da aids. Mas Brockmeyer disse estar convencido de que “estamos no caminho certo.”
O especialista afirmou ainda estar seguro de que a queda desastrosa do avião e a morte de tantos colegas fará com que os pesquisadores se esforcem de forma ainda mais intensa, de acordo com o espírito das vítimas.

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