domingo, 21 de dezembro de 2014

Lula: Quem não tem ‘complexo de vira-lata’ apoia investimentos em Cuba

20/12/2014 16:31
Por Redação, com agências internacionais - de Havana e São Paulo

Lula acredita que o governo se comunica mal e, por isso, perde o contato com a população brasileira
Lula aplaude a iniciativa de retomada das relações diplomáticas entre Cuba e EUA

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, neste sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a decisão conjunta de Cuba e EUA de retornar à mesa de negociações, na tentativa de colocar fim ao bloqueio comercial e político que os norte-americanos impõem à nação cubana, há mais de meio século.
Lula, na mensagem, afirma que o fato é relevante também para “aquelas pessoas que têm complexo de vira-lata”, que dizem que “o Brasil não pode financiar Cuba, não pode financiar Venezuela. As pessoas têm que entender que o Brasil não ‘tá’ dando dinheiro, as pessoas têm que entender que o Brasil está exportando tecnologia, engenharia, coisas fabricadas aqui no Brasil”, ressalta.
Ainda neste sábado, o presidente cubano, Raúl Castro, afirmou que “o povo cubano agradece a justa decisão” do Presidente norte-americano, Barack Obama, de reatar as relações diplomáticas entre os dois países. No entanto, “falta resolver o essencial”, recordou Castro, referindo-se ao embargo económico imposto pelos EUA à ilha.
Três dias depois do anúncio do restabelecimento das relações bilaterais entre os Estados Unidos e Cuba, Raúl Castro discursou perante a Assembleia Nacional, em Havana, para fazer um balanço do ano prestes a terminar. Entre os feitos da economia interna – que o governo prevê crescer 4% no próximo ano – Castro quis aclarar algumas questões relativamente à reaproximação entre Cuba e os EUA.
O líder cubano reconheceu a “justa decisão” de Obama que permite retirar “um obstáculo às relações” entre os dois países. Fazendo eco do que o presidente norte-americano já havia dito, Castro afirmou que “se pode abrir uma nova etapa entre os EUA e Cuba”.
Porém, o irmão de Fidel lembrou que “falta resolver o essencial, que é o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba” e aproveitou para lançar um apelo direto:
– Esta será uma luta grande e difícil, que irá requerer a mobilização internacional e da sociedade norte-americana para que continue a reclamar o levantamento do bloqueio.
Assista ao vídeo em que Lula aplaude a iniciativa de Castro e Obama:
Nessa luta, Raúl Castro apontou os primeiros obstáculos que já surgem, referindo as “violentas críticas” recebidas por Obama “por parte de forças como legisladores de origem cubana e líderes de grupúsculos contra-revolucionários”. Castro refere-se às reações dos senadores republicanos Ted Cruz e Marco Rubio, ambos descendentes de cubanos que fugiram ao regime castrista.
Numa entrevista à Fox News, logo após o anúncio de Obama, Rubio, senador pela Florida, acusou o presidente de fazer “carinho em ditadores e tiranos”. Já Ted Cruz afirmou que a reaproximação apenas irá “agravar” a falta de liberdade na ilha. No seu discurso, Castro garantiu que os críticos “farão todo o possível para sabotar o processo”.
– De nossa parte, primará uma conduta prudente, moderada e reflexiva, mas firme – afirmou Raúl.
Poucos dias após o anúncio da reaproximação, Obama disse que “Cuba irá mudar”, mas reconheceu que “essa mudança não será feita da noite para o dia”. Neste sábado, Raúl também falou em mudanças, mas para garantir que vão ocorrer “sem renunciar a um só” dos princípios vigentes.
– Não se deve pedir que Cuba renuncie às ideias pelas quais lutou mais de meio século – declarou o presidente cubano.

Castro pediu “respeito mútuo” para que os dois países possam avançar para uma reaproximação efectiva e manifestou disponibilidade em dialogar com os EUA “sobre qualquer assunto”.
A remoção de Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo internacional elencada pelo Departamento de Estado norte-americano também foi saudada por Raúl Castro, que considerava a inclusão “injustificável”.
– Cuba jamais organizou, financiou ou executou qualquer ato terrorista contra pessoas ou território dos EUA, nem o permitirá – garantiu.
Em nível diplomático, Raúl Castro fez questão de assegurar os seus aliados de que Havana pretende prosseguir uma política externa condizente, “numa base de fidelidade inamovível” aos princípios que a têm guiado. A mensagem destinou-se diretamente à Venezuela – país que se tornou no principal parceiro económico e diplomático de Cuba – com quem o presidente cubano garantiu a política de oposição às “tentativas de interferir” com o governo de Nicolás Maduro.




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